CARTILHA DE COMBATE AO ETARISMO

O etarismo é uma forma de discriminação baseada na idade de uma pessoa ou de um grupo. Ele ocorre por meio de estereótipos negativos relacionados à idade, resultando em exclusão social e dificuldades no acesso a direitos. Seu impacto se estende à vida pessoal, profissional e social, comprometendo a dignidade, a autonomia e a participação plena de quem o enfrenta.

COMO O ETARISMO SE MANIFESTA?

Pela dificuldade de contratação e promoção, acompanhada de comentários que desvalorizam e desrespeitam a capacidade de aprendizado ou de liderança. Essas práticas favorecem o isolamento profissional e limitam a participação ativa. O etarismo pode aparecer quando pessoas jovens são vistas como inexperientes, adultos de meia-idade como ultrapassados e pessoas idosas como incapazes de acompanhar mudanças, reforçando barreiras injustas no ambiente corporativo.

Pela exclusão nas decisões familiares e desrespeito aos desejos e vontades. Em casos mais graves, pode levar ao abandono emocional, com a negligência de afeto e atenção, ou físico, quando alguém é deixado sozinho sem suporte familiar. Também é comum quando familiares tratam jovens como “irresponsáveis” apenas pela idade ou infantilizam pessoas idosas, retirando-lhes autonomia em escolhas cotidianas.

Ocorre quando novas tecnologias são criadas sem considerar diferentes gerações como usuárias, com interfaces pouco intuitivas e falta de suporte adequado. Isso dificulta o acesso das pessoas que não cresceram em contato com o digital e reforça estereótipos de que pessoas idosas não conseguem aprender ou se adaptar.

Nosso papel no combate

O combate ao etarismo é responsabilidade de todas as pessoas. No serviço público, isso significa tratar cada pessoa com respeito e garantir ambientes de trabalho acolhedores, inclusivos e livres de qualquer forma de discriminação. Em Niterói, esse compromisso é fortalecido também por políticas municipais específicas, como as implementadas pela Secretaria Municipal do Idoso, que buscam garantir o bem-estar físico e mental e assegurar a plena qualidade de vida da população idosa.

VOCê SABIA?

Afeta todas as idades

Pessoas mais jovens também podem sofrer com esse preconceito, sendo vistas como imaturas ou inexperientes, o que faz com que suas opiniões sejam desvalorizadas.

População Idosa em Niterói

A cidade abriga um dos bairros com maior população idosa do país, Icaraí, que ocupa a 9ª posição nacional em número de pessoas com mais de 70 anos.

Atualização da representação em placas

A figura de uma pessoa curvada segurando uma bengala foi substituída por uma pessoa em posição ereta, acompanhada do símbolo ‘60+’. A mudança busca uma representação mais inclusiva, sem reforçar estigmas.

Mudança no padrão etário brasileiro

 De acordo com o IBGE, o número de pessoas com 60 anos ou mais dobrou nas últimas décadas, alcançando 33 milhões. A projeção indica que esse grupo poderá superar 75 milhões até 2070.

REVEJA OS SEUS CONCEITOS

Etarismo não é brincadeira

Essa forma de discriminação gera baixa autoestima, exclusão, insegurança e sensação de inutilidade, como mostrou a revisão da OMS (2020). Piadas e comentários desrespeitosos reforçam esses efeitos.

Aposentadoria como solução

Sugerir aposentadoria a pessoas idosas que enfrentam dificuldades de adaptação, em vez de oferecer treinamento e acolhimento, fortalece práticas discriminatórias relacionadas à idade.

“Esse tipo de roupa não combina com pessoas da sua idade”

 Acreditar que para usar roupas, acessórios e até maquiagem e penteados há uma idade certa, reforça estereótipos e restringe a liberdade individual de se expressar.

“Você não está velha(o) demais para fazer essas coisas?”

 Pessoas idosas podem aprender, inovar, começar novos relacionamentos e assumir novos desafios. Não existe limite de idade para explorar novas possibilidades.

Indicações

No Brasil, o combate ao etarismo está amparado por um conjunto de leis e normativas que garantem direitos e promovem a igualdade:

  • Constituição Federal de 1988 – estabelece a dignidade da pessoa humana e a igualdade de todos como fundamentos do Estado brasileiro, vedando qualquer forma de discriminação. 
  • Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) – assegura direitos às pessoas com 60 anos ou mais, garantindo respeito, dignidade, acesso a serviços e proteção contra discriminação e violência. 
  • Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/1994) – define princípios e diretrizes para assegurar autonomia, integração e participação da pessoa idosa na sociedade. 
  • Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – prevê igualdade de oportunidades no emprego, vedando práticas discriminatórias, inclusive por idade, no acesso e na permanência no trabalho. 
  • Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos (2015, ratificada pelo Brasil em 2017) – primeiro tratado internacional que reconhece o envelhecimento como parte da dignidade humana, obrigando os Estados a promoverem políticas contra discriminação etária. 

Esses instrumentos legais formam a base para a promoção de uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa com todas as idades.